A CIÊNCIA NA ARTE
Teresa Cristina Coelho Matos*
*Assistente Social, Especialista em Gestão de Organizações Públicas e Sociais pela Universidade Estadual do Piauí - UESPI, Mestra em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. E-mail: teresacmatos@uol.com.br.
Desde o advento do capitalismo, como principal sistema de organização da sociedade, e de sua consolidação, a partir da segunda metade do século XX, o mundo vem passando por profundas mudanças em todas as dimensões da vida humana: social, econômica, política, ambiental, cultural, espiritual, dentre outras. Tais mudanças geraram, e continuam gerando, um estado de crise mundial que, pelas análises de estudiosos como Capra (1982), Santos (1989) e Morin (2001), são complexas, multidimensionais e interdependentes.
Frente a essa realidade, a ciência, até então exercida como instrumento de poder, dentro de um universo privilegiado de acesso à verdade e ao conhecimento para poucos, foi forçada a uma ruptura com seu método de investigação, racionalista e reducionista da realidade, em favor de uma concepção sistêmica do mundo, visando a transformação da sociedade, baseada na consciência do estado de inter-relações e interdependência entre todos os fenômenos (CAPRA, 1982).
Olhando o mundo pela concepção sistêmica, percebe-se haver uma circularidade criativa entre ciência, cultura e arte, como se ver no livro “O Alienista”, de Machado de Assis, que mostra o comportamento da ciência como instrumento de poder. A mesma circularidade está ilustrada no filme “o Ponto de Mutação”, de Frijofre Capra, e no álbum de musica “Quanta”, de Gilberto Gil, que apresenta, nas canções, o conhecimento científico e popular como instrumentos de transformação da sociedade.
Na obra “O Alienista”, publicada no século XIX, tendo como centro temático o problema da loucura, ambientado na pequena cidade de Itaguaí, em Minas Gerais, Machado de Assis mostra, com boa dose de ironia, a visão popular construída sobre a ciência pela qual se confundem respeito e medo, bem como a assimilação de seus pressupostos como verdades absolutas. Essa percepção é demonstrada na conduta do médico Simão Bacamarte, personagem principal do conto, que transforma a cidade de Itaguaí num laboratório de estudo sobre a loucura, cometendo o exagero de construir uma clinica “Casa de Orates” e nela internar grande parte da população que ele diagnostica como louca, a partir dos seus estudos e experimentos ditos “científicos”.
O autor mostra que, no universo popular, os feitos de Simão Bacamarte recebem críticas e elogios simultâneos, através de discursos formados por frases feitas e rebuscadas, mas de pouco conteúdo, e que o uso da retórica se dá sem qualquer compreensão do que ela traduz, mas apenas pelo efeito que ela produz, refletindo a superficialidade de conhecimento daqueles que as utilizam. Desse universo, surge um grupo de resistência aos experimentos de Simão Bacamarte, mas que não consegue reter o avanço de tais experimentos, por não ter profundidade e nem maturidade necessária para se contrapor de forma eficiente ao poder e dogmas da ciência.
O universo do conhecimento científico é ali representado por Simão Bacamarte, que se converte na própria Ciência, ao estudar os problemas da loucura assumindo uma conduta de total impassividade, frieza e grande mistério sobre seus experimentos, colocando-se acima do bem e do mal.
Imbuído dessa representação, Simão Bacamarte usa de linguagem fechada, evitando expressões sentimentais e excluindo as influências emocionais da sua vida. Guia-se exclusivamente pelos pressupostos da Ciência, cometendo a arbitrariedade de recolher ao asilo que construiu na cidade todas as pessoas que, por meio de seus estudos científicos e teorias desenvolvidas, foram classificadas como loucas, o que resultou, num primeiro momento, no recolhimento ao asilo de quase toda a população e, posteriormente, ao desenvolver novas teorias, na liberação de quase todas as pessoas anteriormente recolhidos como loucas. Tal conduta dá evidência pública à loucura do próprio cientista, mas que demora a ser denunciada pelo respeito cego das pessoas ao poder “inquestionável” da ciência.
No filme “O Ponto de Mutação”, produzido em 1992, adaptado do livro escrito pelo físico austríaco Fritjof Capra, em 1982, o cenário é um castelo da França, uma construção medieval, propício para a discussão trazida na trama, por conter objetos que remontam à história da sociedade moderna e evocam as linhas de pensamento inerentes a ela. A discussão é estabelecida entre uma física, desiludida com os rumos tomados pela ciência; um poeta, crítico do modo de vida mercantilizado e um político bem sucedido, porém com muitos questionamentos sobre os rumos da sua carreira.
Através do diálogo entre esses três personagens, o filme evidencia o confronto entre a linha de pensamento mecanicista e a linda de pensamento sistêmico da realidade. A primeira linha, derivada dos estudos de René Descartes, trouxe a visão de que o mundo poderia ser entendido como um relógio e os fenômenos naturais como uma máquina, bastando desmontar as peças e entendê-las para compreender o todo. A segunda adota pensamento contrário, defende uma visão de mundo integrada, dando ênfase nas interações existentes entre as parte e o todo. Visto por esse prisma, o mundo funciona como um jogo de quebra-cabeças onde cada peça tem uma função importante e sem uma delas o jogo fica incompleto.
A personagem da cientista faz uma crítica aberta ao modo de vida moderna, e especificamente à sociedade ocidental, atualmente em crise por ser mercantilista, individualista e cartesiana, indicando que esta crise pode ser resolvida se as pessoas começarem a pensar que tudo está interligado e interdependente. Seria sair de uma percepção individualista para uma percepção coletivista da vida, apontando como exemplo a visão de mundo dos índios americanos quando expressa que “os índios americanos pensavam nas conseqüências de suas ações até a sétima geração.”
Os três personagens também trazem a tona seus conflitos pessoais, fruto desta crise de percepção da humanidade. O poeta, a cientista e o político notam que, embora tenham noção de como o mundo deveria ser, eles não conseguiram implantar suas teorias em suas próprias vidas. O político não sabe como integrar política com a visão de mundo proposta pela cientista. Enquanto que a cientista explica de modo brilhante como os sistemas se integram, mas não consegue manter uma relação normal e saudável com sua única filha. Já o poeta é um fugitivo da vida em sociedade e vive, assim como a cientistas, isolado em uma ilha, sem pretensões de voltar a desempenhar seus papéis sociais.
A cientista e o poeta são criticados pelo personagem do político. Este diz que eles são como “vozes que gritam no meio do deserto”, ao invés de se voltarem para o mundo real e conviverem com as adversidades presentes nele e tentar transformá-lo.
No Álbum de musicas “Quanta”, de Gilberto Gil, gravado em 1997, premiado em 1998 com o Grammy na categoria World Music, a ciência na arte é mostrada em várias composições, que trazem para o universo popular temas e personagens do universo científico, como:
A física moderna, que aparece no samba “Ciência e Arte”, de Cartola e Carlos Cachaça, que homenageia o físico brasileiro, Cesar Lattes, pela contribuição que deu para o avanço da física, através da descoberta e comprovação da existência da partícula méson PI (Nota 1). Por ocasião do lançamento do Álbum, César lattes manifestou sua opinião sobre a convivência entre a ciência e a arte dizendo que a ciência é a irmã caçula da arte, talvez bastarda, uma vez que todo resultado da ciência é provisório, sendo a arte milenar e eterna.
O paradigma quântico, abordado em linguagem poética através da letra da música “Quanta”. Muito interessante por permitir que através da arte (música e poesia) sejam divulgadas as descobertas cientificas da física quântica e por evidenciar que arte e ciência, mesmo tendo linguagem própria, estão construindo formas novas de percepção do mundo, nos levando a refletir que esses dois universos de compreensão da realidade partem de elementos comuns, simbolizado pelo “quanta”, presente e atuante em todos os elementos da natureza, tanto usados pela ciência quanto pela arte.
As tecnologias de informação, presentes na música “Internet”, que apresenta conceitos relacionados com o mundo da informática e da rede mundial de comunicação virtual, com o mundo da poesia e do cotidiano das pessoas, evidenciando o comportamento ao quais as pessoas são conduzidas para fazer parte desse mundo de relacionamento virtual. Vele ressaltar que o álbum “Quanta” também trás manifestações do conhecimento popular em músicas como “água benta” e “pílula de alho”.
Em síntese, a alegoria expressa no ensaio “O Alienista”, de Machado de Assis, contribui para se refletir que, em nome das verdades e dos pressupostos “inquestionáveis” da ciência, com a determinação de uma conduta geral para o comportamento humano, comunidades humanas podem ser submetidas a situações de risco, sofrimentos e tragédias, pela incapacidade das pessoas comuns de questionarem e se contraporem às arbitrariedades a que são submetidas em razão de não terem acesso ao mundo misterioso da ciência.
Já o filme “O Ponto de Mutação” e as composições do álbum “Quanta” contribuem para se perceber que ciência e arte, apesar de normalmente serem compreendidas como esferas distintas do conhecimento, a primeira como campo da razão, do rigor e da precisão; a segunda como campo da criatividade, da intuição e da liberdade de criação, a conjugação entre ambas, evidenciada no filme e na música, cria um instrumental de percepção da complexidade do mundo e das inter-relações que nele são estabelecidas, que possibilita sua maior compreensão pelo universo popular e de que os feitos da ciência e de todas as esferas do conhecimento se constituam em ferramentas de transformação evolutiva da humanidade.
NOTA 1 - Existe relato que César Lattes ficou muito emocionado ao escutar seu nome na letra cantarolada por um vendedor de peixes, que sequer sabia o que eram prótons e nêutrons
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ASSIS, M. de. O Alienista. São Paulo: Ática, Série Bom Livro, 1998.
CAPRA, F. O Ponto de Mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: círculo do livro, 1982.
CAPRA,B (dir). Ponto de mutação. 1992, 126m, [s/l] Cannes home video
GIL, Gilberto. CD Quanta. 1997. World Music Brasil.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
Teresa Cristina Coelho Matos*
*Assistente Social, Especialista em Gestão de Organizações Públicas e Sociais pela Universidade Estadual do Piauí - UESPI, Mestra em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. E-mail: teresacmatos@uol.com.br.
Desde o advento do capitalismo, como principal sistema de organização da sociedade, e de sua consolidação, a partir da segunda metade do século XX, o mundo vem passando por profundas mudanças em todas as dimensões da vida humana: social, econômica, política, ambiental, cultural, espiritual, dentre outras. Tais mudanças geraram, e continuam gerando, um estado de crise mundial que, pelas análises de estudiosos como Capra (1982), Santos (1989) e Morin (2001), são complexas, multidimensionais e interdependentes.
Frente a essa realidade, a ciência, até então exercida como instrumento de poder, dentro de um universo privilegiado de acesso à verdade e ao conhecimento para poucos, foi forçada a uma ruptura com seu método de investigação, racionalista e reducionista da realidade, em favor de uma concepção sistêmica do mundo, visando a transformação da sociedade, baseada na consciência do estado de inter-relações e interdependência entre todos os fenômenos (CAPRA, 1982).
Olhando o mundo pela concepção sistêmica, percebe-se haver uma circularidade criativa entre ciência, cultura e arte, como se ver no livro “O Alienista”, de Machado de Assis, que mostra o comportamento da ciência como instrumento de poder. A mesma circularidade está ilustrada no filme “o Ponto de Mutação”, de Frijofre Capra, e no álbum de musica “Quanta”, de Gilberto Gil, que apresenta, nas canções, o conhecimento científico e popular como instrumentos de transformação da sociedade.
Na obra “O Alienista”, publicada no século XIX, tendo como centro temático o problema da loucura, ambientado na pequena cidade de Itaguaí, em Minas Gerais, Machado de Assis mostra, com boa dose de ironia, a visão popular construída sobre a ciência pela qual se confundem respeito e medo, bem como a assimilação de seus pressupostos como verdades absolutas. Essa percepção é demonstrada na conduta do médico Simão Bacamarte, personagem principal do conto, que transforma a cidade de Itaguaí num laboratório de estudo sobre a loucura, cometendo o exagero de construir uma clinica “Casa de Orates” e nela internar grande parte da população que ele diagnostica como louca, a partir dos seus estudos e experimentos ditos “científicos”.
O autor mostra que, no universo popular, os feitos de Simão Bacamarte recebem críticas e elogios simultâneos, através de discursos formados por frases feitas e rebuscadas, mas de pouco conteúdo, e que o uso da retórica se dá sem qualquer compreensão do que ela traduz, mas apenas pelo efeito que ela produz, refletindo a superficialidade de conhecimento daqueles que as utilizam. Desse universo, surge um grupo de resistência aos experimentos de Simão Bacamarte, mas que não consegue reter o avanço de tais experimentos, por não ter profundidade e nem maturidade necessária para se contrapor de forma eficiente ao poder e dogmas da ciência.
O universo do conhecimento científico é ali representado por Simão Bacamarte, que se converte na própria Ciência, ao estudar os problemas da loucura assumindo uma conduta de total impassividade, frieza e grande mistério sobre seus experimentos, colocando-se acima do bem e do mal.
Imbuído dessa representação, Simão Bacamarte usa de linguagem fechada, evitando expressões sentimentais e excluindo as influências emocionais da sua vida. Guia-se exclusivamente pelos pressupostos da Ciência, cometendo a arbitrariedade de recolher ao asilo que construiu na cidade todas as pessoas que, por meio de seus estudos científicos e teorias desenvolvidas, foram classificadas como loucas, o que resultou, num primeiro momento, no recolhimento ao asilo de quase toda a população e, posteriormente, ao desenvolver novas teorias, na liberação de quase todas as pessoas anteriormente recolhidos como loucas. Tal conduta dá evidência pública à loucura do próprio cientista, mas que demora a ser denunciada pelo respeito cego das pessoas ao poder “inquestionável” da ciência.
No filme “O Ponto de Mutação”, produzido em 1992, adaptado do livro escrito pelo físico austríaco Fritjof Capra, em 1982, o cenário é um castelo da França, uma construção medieval, propício para a discussão trazida na trama, por conter objetos que remontam à história da sociedade moderna e evocam as linhas de pensamento inerentes a ela. A discussão é estabelecida entre uma física, desiludida com os rumos tomados pela ciência; um poeta, crítico do modo de vida mercantilizado e um político bem sucedido, porém com muitos questionamentos sobre os rumos da sua carreira.
Através do diálogo entre esses três personagens, o filme evidencia o confronto entre a linha de pensamento mecanicista e a linda de pensamento sistêmico da realidade. A primeira linha, derivada dos estudos de René Descartes, trouxe a visão de que o mundo poderia ser entendido como um relógio e os fenômenos naturais como uma máquina, bastando desmontar as peças e entendê-las para compreender o todo. A segunda adota pensamento contrário, defende uma visão de mundo integrada, dando ênfase nas interações existentes entre as parte e o todo. Visto por esse prisma, o mundo funciona como um jogo de quebra-cabeças onde cada peça tem uma função importante e sem uma delas o jogo fica incompleto.
A personagem da cientista faz uma crítica aberta ao modo de vida moderna, e especificamente à sociedade ocidental, atualmente em crise por ser mercantilista, individualista e cartesiana, indicando que esta crise pode ser resolvida se as pessoas começarem a pensar que tudo está interligado e interdependente. Seria sair de uma percepção individualista para uma percepção coletivista da vida, apontando como exemplo a visão de mundo dos índios americanos quando expressa que “os índios americanos pensavam nas conseqüências de suas ações até a sétima geração.”
Os três personagens também trazem a tona seus conflitos pessoais, fruto desta crise de percepção da humanidade. O poeta, a cientista e o político notam que, embora tenham noção de como o mundo deveria ser, eles não conseguiram implantar suas teorias em suas próprias vidas. O político não sabe como integrar política com a visão de mundo proposta pela cientista. Enquanto que a cientista explica de modo brilhante como os sistemas se integram, mas não consegue manter uma relação normal e saudável com sua única filha. Já o poeta é um fugitivo da vida em sociedade e vive, assim como a cientistas, isolado em uma ilha, sem pretensões de voltar a desempenhar seus papéis sociais.
A cientista e o poeta são criticados pelo personagem do político. Este diz que eles são como “vozes que gritam no meio do deserto”, ao invés de se voltarem para o mundo real e conviverem com as adversidades presentes nele e tentar transformá-lo.
No Álbum de musicas “Quanta”, de Gilberto Gil, gravado em 1997, premiado em 1998 com o Grammy na categoria World Music, a ciência na arte é mostrada em várias composições, que trazem para o universo popular temas e personagens do universo científico, como:
A física moderna, que aparece no samba “Ciência e Arte”, de Cartola e Carlos Cachaça, que homenageia o físico brasileiro, Cesar Lattes, pela contribuição que deu para o avanço da física, através da descoberta e comprovação da existência da partícula méson PI (Nota 1). Por ocasião do lançamento do Álbum, César lattes manifestou sua opinião sobre a convivência entre a ciência e a arte dizendo que a ciência é a irmã caçula da arte, talvez bastarda, uma vez que todo resultado da ciência é provisório, sendo a arte milenar e eterna.
O paradigma quântico, abordado em linguagem poética através da letra da música “Quanta”. Muito interessante por permitir que através da arte (música e poesia) sejam divulgadas as descobertas cientificas da física quântica e por evidenciar que arte e ciência, mesmo tendo linguagem própria, estão construindo formas novas de percepção do mundo, nos levando a refletir que esses dois universos de compreensão da realidade partem de elementos comuns, simbolizado pelo “quanta”, presente e atuante em todos os elementos da natureza, tanto usados pela ciência quanto pela arte.
As tecnologias de informação, presentes na música “Internet”, que apresenta conceitos relacionados com o mundo da informática e da rede mundial de comunicação virtual, com o mundo da poesia e do cotidiano das pessoas, evidenciando o comportamento ao quais as pessoas são conduzidas para fazer parte desse mundo de relacionamento virtual. Vele ressaltar que o álbum “Quanta” também trás manifestações do conhecimento popular em músicas como “água benta” e “pílula de alho”.
Em síntese, a alegoria expressa no ensaio “O Alienista”, de Machado de Assis, contribui para se refletir que, em nome das verdades e dos pressupostos “inquestionáveis” da ciência, com a determinação de uma conduta geral para o comportamento humano, comunidades humanas podem ser submetidas a situações de risco, sofrimentos e tragédias, pela incapacidade das pessoas comuns de questionarem e se contraporem às arbitrariedades a que são submetidas em razão de não terem acesso ao mundo misterioso da ciência.
Já o filme “O Ponto de Mutação” e as composições do álbum “Quanta” contribuem para se perceber que ciência e arte, apesar de normalmente serem compreendidas como esferas distintas do conhecimento, a primeira como campo da razão, do rigor e da precisão; a segunda como campo da criatividade, da intuição e da liberdade de criação, a conjugação entre ambas, evidenciada no filme e na música, cria um instrumental de percepção da complexidade do mundo e das inter-relações que nele são estabelecidas, que possibilita sua maior compreensão pelo universo popular e de que os feitos da ciência e de todas as esferas do conhecimento se constituam em ferramentas de transformação evolutiva da humanidade.
NOTA 1 - Existe relato que César Lattes ficou muito emocionado ao escutar seu nome na letra cantarolada por um vendedor de peixes, que sequer sabia o que eram prótons e nêutrons
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ASSIS, M. de. O Alienista. São Paulo: Ática, Série Bom Livro, 1998.
CAPRA, F. O Ponto de Mutação: a ciência, a sociedade e a cultura emergente. São Paulo: círculo do livro, 1982.
CAPRA,B (dir). Ponto de mutação. 1992, 126m, [s/l] Cannes home video
GIL, Gilberto. CD Quanta. 1997. World Music Brasil.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
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