VIVENDO
DE MÁGICA
Don
Piolho.
Em 2005, cheguei a São
Paulo, depois de passar 28 dias em Goiás.
Sem moradia,
arranjaram-me um barraco velho para morar;
O aluguel era baixo,
embora morássemos no alto;
O pago de um dia era
uma palavra “Bom Dia” todo dia;
Daí, comecei a fazer
mágica.
Prá você saber,
De um pedaço de cano,
fiz uma colher para comer;
De uma latinha de
cerveja sem tampa,
cozinhava, eu, a
mistura da janta.
Mesmo assim, eu
estava contente,
sem namorada nem dor
de dente.
Meu chulé ardia como
fel;
As minhas meias,
forrando, fiz com dois pedaços de papel;
De uma metálica
canaleta,
fiz uma frigideira
zambeta.
Era uma panela número
um,
parecia com um carro
de fórmula um.
Batizei-a de nave
espacial,
pois cabia dois
discos voadores de ovos e uma pitada de sal.
Como pia principal,
eu usava um vaso
defecal;
a cama, onde eu
dormia um sono gostoso,
tomei de um vira-lata
teimoso.
Sinta a situação de
coitado:
Minha porta era um
madeirite empenado;
como fechadura,
um pedaço de arame
que nunca dura;
a cama ficava na
cozinha,
coisa de primeira
linha.
A sala era também um
depósito,
mas isso eu já nem me
importo;
Tirando tudo isso,
Eu estou bem.
Nesse tempo
aconteceu-me algo estranho:
passei sete dias sem
tomar banho;
três ratos me acharam
de estimação.
No barraco, tinha
dois ratinhos e um ratão.
Você pode achar que
eu estou mentindo,
mas isso me foi peça
do destino, que eu sei!
Já passou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário