SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós-moderno? São Paulo: Brasiliense, 2005. (coleção primeiros passos; 165). Santos apresenta um conceito, atribuindo que “Pós-moderno é o nome aplicado às mudanças ocorridas nas ciências, nas artes e nas sociedades avançadas desde 1950, quando, por convenção, se encerra o modernismo (1900-1950)”. Esse fenômeno percorre um pouco mais de meio século de nossa história, interferindo nos significados e se materializando desde a arquitetura e na computação na década de 50, nas manifestações da Arte dos anos 60, na filosofia dos anos 70, bem como transborda para a moda, cinema, música, ciência, tecnologia, contagiando o cotidiano dos dias atuais. Segundo o autor, esse processo de mudança se desenrola “sem que ninguém saiba se é decadência ou renascimento cultural”. O processo do pós-modernismo é acontecimento típico das sociedades pós-industriais, tais como EUA, Japão e Países da Europa, influência constatável no Brasil, em nível dos signos e das coisas, segundo Santos. A essência da pós-modernidade se caracteriza por nossa preferência à imagem ao objeto; à cópia, ao original; o simulacro, ao real, porque este espetáculo sobre o real tomou lugar de um “real” em dimensão mais intensa e mais atraente que a própria realidade, onde matéria e espírito “se esfumam em imagens, em dígitos num fluxo acelerado”. A este aspecto do fenômeno da pós-modernidade, Santos nos leva ao ethos da questão, em que os filósofos estão concebendo interpretação de seu fundamento como sendo a “desreferencialização do real” e a “dessubstancialização do sujeito”. Nesse lugar, um fundamento é que “o referente (a realidade) se degrada em fantasmagoria e o sujeito (indivíduo) perde a substância interior, sente-se vazio”, enquanto a tecnociência da “era da informática” invade o cotidiano desse vazio. A pós-modernidade também está para a sociedade pós-industrial, assim como a modernidade está para o contexto da sociedade industrial. Esta se notabilizou pelo objeto dos meios de produção, a pós-modernidade se sustenta no enaltecimento da informação e dos serviços, que lhe dá o signo de “sociedade da informação”. Na arte, a pós-modernidade também se constitui em ambiente distinto do ambiente anterior, na medida em que se caracteriza, segundo Santos, como a Arte POP ou antiarte, vez que não acolhe a representação realista do mundo e do sujeito do ambiente da arte do realismo, nem acolhe a interpretação formal e séria do modernismo, mas busca sustentação “nos objetos (não no homem), na matéria (não no espírito), no momento (não no eterno), no riso (não no sério)”, mostrando a realidade do cotidiano, lugar onde o indivíduo do cotidiano se identifica, com ironia, fantasia, emoção e humor. Como na metáfora de entrada no tema “Pós-modernismo”, o autor nos conduz por um caminho circular, espiral, criativo, bem-humorado, irônico (especialmente com ironia filosófica), em cujo cenário indica muitos caminhos que traduzem o caráter pluralista, da possibilidade da convivência de todos os estilos e épocas, conteúdos e formas, sem hierarquia; isto valendo para áreas de saberes e sabores da teologia, da filosofia, história, da religião, arte, cultura, da tecnociência e a cibernética, da política, da economia, refletido nos modos e nos modelos mentais de produção e de consumo de nossa sociedade com nossa civilização atual, em seu tempo e espaços erotizados, (des)estetizados, (des)substancializados, (des)referencializados, (des)personalizados, (des)materializados, em espetátulos próprios. A preocupação filosófica para a entrada e para a busca da chegada, sugere se posicionar sobre a questão da análise crítica para compreender se esse processo de mudança e sua sustentação se articulam e se desenrolam como sendo : “decadência ou renascimento cultural”. Este parece o maior presente que o autor nos oferece. (crédito desta resenha de: Áureo João).
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