A COISA E A COISIFICAÇÃO HUMANA
Autor: Áureo João de Sousa
Teresina/PI, 10.02.2010
Hoje, eu adquirir uma Coisa.
É bela; assim eu aprendi a adorá-La;
É valiosa; por isso guardo e A protejo com segurança e vigilância permanentes;
É exclusiva, singular, apesar de não parecer;
Veio ao mundo para mim; ou melhor, eu estou neste mundo para reverenciá-La!!!
Hoje, eu tenho uma Coisa.
É divina em mim;
É tão intensa Sua presença em mim que parece que Ela é que tem a mim;
É fortemente desejada por outras pessoas também, mas nem todas A tem; por isso, devo enaltecê-La, exibi-La, sempre;
É fascinante fonte de poder e atração mágica; por isso, devo reservá-La, escondê-La, para não perder sua exclusividade comigo, sempre;
Hoje, eu recebi a graça de uma Coisa. Posso sentir. Sinto!
É uma Coisa que nutre minhas alegrias cotidianas;
Com Ela, sinto ânimos por causa de Sua companhia;
Com Ela Mesma, também sinto medos, por causa do que representa Sua Companhia Mesma;
Toma-me o medo de não adorá-La o suficiente para merecê-La;
Ontem, minha vida se fazia sem Sua presença onipotente, onisciente, onipresente;
Sem tê-La em minha alma e em meus pensamentos, pobre de mim, não sabia da suma importância dessa Coisa em minha existência;
Tal como Deus, senão Ele mesmo inefável, oferece-me os desígnios de proteção e perigo;
Frágil criatura, tenho medo de que minha devoção não Lhe seja da medida requerida;
Obediente, sob proteção e ameaça de sua divina força, aumento minha adoração para suplicar e merecer a presença de seu espírito e de suas obras em minha alma, em meus pensamentos, em minha comida, em minha bebida, em minhas vestes, em meu abrigo; em meu ser, saber e fazer no mundo;
Amanhã, minha vida será em dedicação maior e melhor à Suma Coisa; senão criadora de mim, mas senhora de meu destino;
Em Sua devoção, eu Lhe farei oferenda todos os dias de minha vida;
Eu Lhe oferecerei valores maiores que todos os dízimos das religiões antecedentes,
Eu Lhe oferecerei meu suor, meu sangue, meu trabalho, minha inteligência;
Eu Lhe farei sacrifício maior do que fizeram Moisés e Abraão a vosso Deus; não só um filho primogênito ou um cordeiro, mas todos os meus filhos varões e as filhas, de todas as esposas, mais as esposas também; e os filhos dos filhos e das filhas; os ancestrais e os descendentes; e os carneiros e animais outros.
Amém!
Manifesto de coisificação, Deus mais poderoso não se revela, religião maior não há;
Todas as devoções e oferendas são pequenas aos Seus pés,
Verossímil ao Uno, tudo agregado em minha vida procede da emanação de seu poder,
No leito dessa processão, presto-Lhe louvor com fé absurda até que a morte me abata;
Mas quando eu morrer, quero meu corpo embalado em tecidos e ornamentos que possam Lhe guardar referência e fiel reverência; e meu túmulo ostentará sua representação, para contemplação dos vivos.
Que assim seja!
Coisa de destino infalível,
Dobro-me ao Seu divino determinismo dado a este mundo, por mérito ou castigo;
Meus dias todos começarão e encerrarão assim, de modo sempre previsível em Seu culto,
Assim seja para sempre, salvo este mundo como tal se acabe, por intempéries naturais ou por desobediência própria do gênio humano inacabado, inquieto, insatisfeito e imprevisível na História; dessa crise, muitas divindades haverão de mudar de lugar; A Coisa, certamente, haverá de ocupar outro plano.
Autor: Áureo João de Sousa
Teresina/PI, 10.02.2010
Hoje, eu adquirir uma Coisa.
É bela; assim eu aprendi a adorá-La;
É valiosa; por isso guardo e A protejo com segurança e vigilância permanentes;
É exclusiva, singular, apesar de não parecer;
Veio ao mundo para mim; ou melhor, eu estou neste mundo para reverenciá-La!!!
Hoje, eu tenho uma Coisa.
É divina em mim;
É tão intensa Sua presença em mim que parece que Ela é que tem a mim;
É fortemente desejada por outras pessoas também, mas nem todas A tem; por isso, devo enaltecê-La, exibi-La, sempre;
É fascinante fonte de poder e atração mágica; por isso, devo reservá-La, escondê-La, para não perder sua exclusividade comigo, sempre;
Hoje, eu recebi a graça de uma Coisa. Posso sentir. Sinto!
É uma Coisa que nutre minhas alegrias cotidianas;
Com Ela, sinto ânimos por causa de Sua companhia;
Com Ela Mesma, também sinto medos, por causa do que representa Sua Companhia Mesma;
Toma-me o medo de não adorá-La o suficiente para merecê-La;
Ontem, minha vida se fazia sem Sua presença onipotente, onisciente, onipresente;
Sem tê-La em minha alma e em meus pensamentos, pobre de mim, não sabia da suma importância dessa Coisa em minha existência;
Tal como Deus, senão Ele mesmo inefável, oferece-me os desígnios de proteção e perigo;
Frágil criatura, tenho medo de que minha devoção não Lhe seja da medida requerida;
Obediente, sob proteção e ameaça de sua divina força, aumento minha adoração para suplicar e merecer a presença de seu espírito e de suas obras em minha alma, em meus pensamentos, em minha comida, em minha bebida, em minhas vestes, em meu abrigo; em meu ser, saber e fazer no mundo;
Amanhã, minha vida será em dedicação maior e melhor à Suma Coisa; senão criadora de mim, mas senhora de meu destino;
Em Sua devoção, eu Lhe farei oferenda todos os dias de minha vida;
Eu Lhe oferecerei valores maiores que todos os dízimos das religiões antecedentes,
Eu Lhe oferecerei meu suor, meu sangue, meu trabalho, minha inteligência;
Eu Lhe farei sacrifício maior do que fizeram Moisés e Abraão a vosso Deus; não só um filho primogênito ou um cordeiro, mas todos os meus filhos varões e as filhas, de todas as esposas, mais as esposas também; e os filhos dos filhos e das filhas; os ancestrais e os descendentes; e os carneiros e animais outros.
Amém!
Manifesto de coisificação, Deus mais poderoso não se revela, religião maior não há;
Todas as devoções e oferendas são pequenas aos Seus pés,
Verossímil ao Uno, tudo agregado em minha vida procede da emanação de seu poder,
No leito dessa processão, presto-Lhe louvor com fé absurda até que a morte me abata;
Mas quando eu morrer, quero meu corpo embalado em tecidos e ornamentos que possam Lhe guardar referência e fiel reverência; e meu túmulo ostentará sua representação, para contemplação dos vivos.
Que assim seja!
Coisa de destino infalível,
Dobro-me ao Seu divino determinismo dado a este mundo, por mérito ou castigo;
Meus dias todos começarão e encerrarão assim, de modo sempre previsível em Seu culto,
Assim seja para sempre, salvo este mundo como tal se acabe, por intempéries naturais ou por desobediência própria do gênio humano inacabado, inquieto, insatisfeito e imprevisível na História; dessa crise, muitas divindades haverão de mudar de lugar; A Coisa, certamente, haverá de ocupar outro plano.
Nesse caos, não escapará, quem viver, de tensões sobre as identidades de Deus, dos humanos e das coisas, e o lugar regido por cada um ente e cada coisa.
Aleluia!
REFLEXÃO:
Aleluia!
REFLEXÃO:
1.A coisa, a mercadoria, o objeto de consumo capitalista, hoje, é uma Divindade poderosa, perante a qual dispomos nossas vidas, em sua oferenda, todos os dias, de modo tão intenso que somos acometidos de sofrimentos quando, em uma data apenas, deixamos de viabilizar sua oferenda requerida, seja na sua forma objetivada, materializada, seja em suas formas subjetivas e intersubjetivas.
2.Você presta adoração para alguma Coisa?
Todo poema representa aquilo que o/a poeta contempla, sente, vive, vivencia, experiencia, cria???? Me seduziu, na leitura, o constante suspense até a descoberta da Coisa. Porque, na verdade, o Ser não se percebe adorando o Ter...Que COISA!!!
ResponderExcluirContinue contemplando, vivendo, vivenciando, experienciando,criando...e compartilhando...