quinta-feira, 4 de março de 2010

SAMBA DE CUMBUCA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA DE SALINAS - Histórico

SAMBA DE CUMBUCA DA COMUNIDADE QUILOMBOLA SALINAS


O GRUPO DE TRADIÇÕES CULTURAIS SAMBA DE CUMBUCA


Questão de Identidade


Ser quilombola no Piauí é uma expressão de pertença com o lugar material e imaterial, e com suas praticas culturais (manifestações) que, ao longo da existência concreta e simbólica das comunidades, foram se legitimando e se reinterpretando. Por isso, as manifestações culturais dos quilombos fecundadas, nutridas e transmitidas, de geração a geração, tornam-se, ao longo desse processo, sua identidade de resistência. Não é possível se falar em cultura de quilombo, em identidade, sem falar das manifestações que vêm de nossos ancestrais.

É a ancestralidade que estrutura a nossa visão do mundo. E o intercâmbio cultural entre as comunidades quilombolas, grupos culturais e comunidades de terreiros contribuem na construção da tradição coletiva da expressão concreta e simbólica dessa pertença.

Os “Troncos Velhos”, antepassados que já se foram desta viva material, relatavam que cantavam e dançavam o SAMBA DE CUMBUCA DE SALINAS para pegar o sol com a mão. As brincadeiras eram feitas pela madrugada e aconteciam até o sol nascer.

Depois deles, vieram os anciãos vivos da comunidade Salinas, que falam, com saudades, dos seus antepassados.

Mas quem ensinou aos “Troncos Velhos”? Não sabemos seus nomes exatos por que esse registro se perdeu, mas por aqui todo mundo é descendente dos antigos escravos. Só podemos imaginar que a tradição do SAMBA DE CUMBUCA veio das senzalas existentes nas fazendas.

Hoje, assim como no passado, os ensinamentos do Samba vão passando dos griots para os jovens e crianças. O grupo se forma em um processo dinâmico, mesmo sem estrutura ou sem dinheiro para oferecer aos que se interessam na aproximação com esta manifestação cultural.

O repertório vai passando dos pais para os filhos. O jeito de dançar mantém a sua essência. Um jeito singular que pode ser confundido com rústico, bem diferente do samba das escolas, mas, ainda assim, pode ser sentido como pertencente às raízes deste.

O Grupo de Tradições Culturais Samba de Cumbuca de Salinas surgiu, na vida da história da comunidade, quando seis mulheres negras escravizadas chegaram ao Quilombo Salinas e ali começaram a expressar sua identidade cultural. Dizem os mais velhos da comunidade que essas mulheres negras, após um longo dia de trabalho, passavam a noite tocando samba de cumbuca: uma mistura de dança, canto e som tirado das mesmas cabaças que utilizavam para carregar água.

Essa expressão cultural tornou-se importante para construir a história deste povo, pois todos os habitantes do Quilombo Salinas são descendentes daquelas mulheres escravizadas, com referência à Dona Úrsula, esta que deixou o maior número de descendentes.

O Samba de Cumbuca de Salinas percorreu a história, até os dias de hoje, através da interação com a oralidade de geração-pós-geração, tornando-se um tesouro de valor inestimável para os seus descendentes atuais, que continuam a tradição de tocar, dançar e animar seus dias. O desejo da comunidade é que esta expressão de cultura e identidade continue, sempre, existindo.

Localizado no município de Campinas do Piauí, Estado do Piauí, na Região Nordeste do Brasil, o quilombo vive.

CONTATOS:
ASSOCIAÇÃO DE MORADORES E PEQUENOS PRODUTORES RURAIS DE SALINAS E ADJACÊNCIAS
CNPJ: 02.246.078\0001-16
Endereço: Comunidade Quilombola de Salinas – território rural – Zona Rural
CEP: 64.730-000 - CAMPINAS DO PIAUÍ - PI
DDD / Telefone: (89) – 3484-1248; (89) - 9929-5394; (86) – 8829-4608.
E-mail: cumbucadequilombo@yahoo.com.br
Marcos Vinicius Ferreira

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