domingo, 29 de janeiro de 2012

MEDO poema poesia e filosofia

MEDO
Áureo João. Teresina-PI, 12 de outubro de 2011.


Você tem medo da morte,
ainda que seja um evento certo,
dizível e irrevogável,
no ciclo da vida.

Contraditório e confuso, você tem medo da vida;
de ver a vida,
de viver a sua plenitude da vida,
ainda que lhe seja arbítrio fazê-la acontecer.

Você tem medo da falta de amor,
do amor ausente,
do vazio de amor,
da ausência do seu Amor.

Contraditório e perturbado, você tem medo do amor,
medo da presença de amor,
do amor que preenche;
do amor de si próprio e do amor do outro;
medo do amor presente.

Você tem medo do outro,
do corpo do outro,
do pensamento do outro,
da marca e da ação do outro.

Contraditório e delirante, você tem medo de você,
do corpo que é seu,
do pensamento que poderá vir a ser seu;
medo de si mesmo

Você tem medo da solidão,
medo de ficar só,
medo da multidão,
medo da sua idade.

Avesso e averso,
você tem medo do próximo, do vizinho, do desconhecido;
medo de mim, do outro e do nós;
medo da soletude e da solidariedade.

Você tem medo da lambida de seu cão de estimação,
medo de contaminação,
de vírus,
de fungos e bactérias.

Contraditório e paranóico, você tem medo do beijo e da aproximação,
medo do contato e do afeto;
do abraço amigo,
do beijo do filho e do neto.

Você tem medo de correr riscos de vida;
de morrer de graça,
de atropelamento, assalto, sequestro;
de perder a vida toda e tudo na vida.

Na contramão de si mesmo,
Corre o risco de passar pela vida,
De não ver o que vive,
De não sentir como vive a si mesmo.

Com medo em você,
Você tem medo de se perder,
Tem medo de se procurar.
Você tem medo é de se encontrar consigo mesmo.

Um comentário:

  1. sua poesia é morte. Morte do medo e da vergonha.
    sua poesia é vida. Viver em intensidade e plenitude.

    ResponderExcluir