TEMPO
Áureo João. Teresina, 01 de outubro de 2013
aureojoao@yahoo.com.br
Há tempos
que a gente vive
sem tempo...
Porque a gente está
preso
em um Templo
tempo,
fica sem o tempo...
Caminhando dentro do
tempo
feito alhures e
alheio,
não sabemos
andar sem o tempo
feito
fora do tempo...
Há tempos
que a gente vive
sem o tempo,
fora do tempo.
Há tempos
Que a gente não tem
tempo,
não vê o tempo
e não faz o tempo...
para auscultar nosso curso em nosso tempo,
com tempo...
Há bons tempos
sensíveis,
com cantos e com
encantos,
que doutores das
ciências do Ocidente,
desacordados das
cordas que os oprimem,
não podem sequer notá-los... e se notarem...
Há tempos que
embriagam vidas,
por vidas inteiras; e
dão vidas...
Estes, as ciências
duras e seus entes sem doçura
não podem anotá-los,
nem prescrevê-los,
nem dominá-los, nem
desfrutá-los,
porque lhes faltam
tempo...
e a sabedoria para
andar fora de seu tempo
linear... formal... mecânico... insensível...
Desatento
ao tempo
e à gente mesmo no
tempo,
em pouco tempo se vai
o tempo
e a gente com o tempo
e não haverá mais o
tempo feito
e nem mais tempo para fazer...
Acabou-se
O tempo
Acabou-se
Também...
Mas a Mãe do Templo
em seu templo
há de nos conceder
uma última voz ao vento,
antes de evaporar o
sopro:
“Ah! se eu ainda tive tempo, eu faria o tempo...
dentro e fora do tempo”
Acabou-se...
a doçura
não lhe serve...
o mel é fel.
Jaz-se...
Mas eu não jazerei em
sua companhia...
porque eu ainda quero
a doçura da vida e do mel...
e a embriaguez da
vida, do vinho, do amor e da poesia...
.
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