domingo, 23 de junho de 2019

A NAVALHA E O FIO


A NAVALHA E O FIO
Áureo João
Teresina, 22 de junho de 2019.

Navalha é caos, sem o qual a vida pára na ordem estagnada;

O fio tece o que deve ser tecido;

A navalha corta, recorta, decompõe e separa o todo e as partes do todo;

O fio sutura partes entre partes e partes com o todo, quando inseparáveis;

A navalha talha a vida e coisas da vida que a compõe, separa coisas da vida e a vida;

O fio conecta coisas da vida que dão sentido à vida e a própria vida; laços conexos que religa fil a fil;

A navalha penetra o caos, perfurando-o, retalhando a confusão, sua ordem e sua desordem;

O fio tece a luz à ausência de luz, a lucidez ao caos; o fio ao fil;

A navalha é o medo da vida e a ruptura com o medo;

O fio é o tempo da vida, a vida no tempo, sem o medo da vida;

A navalha é o desassossego da ruptura;

O fio tece a vida, as coisas da vida; e o gozo na vida;

A navalha é corte, recorte, talhos e retalhos, análise e crítica;

O fio sutura e tece o que sobrou do corte da navalha; é síntese do texto, do contexto, do poema e da vida incessante, sempre por uma navalha que corta e um fio que tece fil a fil!!!

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