A NAVALHA E O
FIO
Áureo João
Teresina, 22 de junho de 2019.
Navalha
é caos, sem o qual a vida pára na ordem estagnada;
O
fio tece o que deve ser tecido;
A
navalha corta, recorta, decompõe e separa o todo e as partes do todo;
O
fio sutura partes entre partes e partes com o todo, quando inseparáveis;
A
navalha talha a vida e coisas da vida que a compõe, separa coisas da vida e a
vida;
O
fio conecta coisas da vida que dão sentido à vida e a própria vida; laços
conexos que religa fil a fil;
A
navalha penetra o caos, perfurando-o, retalhando a confusão, sua ordem e sua
desordem;
O
fio tece a luz à ausência de luz, a lucidez ao caos; o fio ao fil;
A
navalha é o medo da vida e a ruptura com o medo;
O
fio é o tempo da vida, a vida no tempo, sem o medo da vida;
A
navalha é o desassossego da ruptura;
O
fio tece a vida, as coisas da vida; e o gozo na vida;
A
navalha é corte, recorte, talhos e retalhos, análise e crítica;
O
fio sutura e tece o que sobrou do corte da navalha; é síntese do texto, do
contexto, do poema e da vida incessante, sempre por uma navalha que corta e um
fio que tece fil a fil!!!
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