PRESSÁGIO
Pedro José de Alencar (2013)
Entregamos uma vela aberta
no mar de águas sombrias...
Tanto pode vir o vento
como pode vir a calmaria.
Roga à Virgem o barqueiro
crente que a santa mãe vigia.
Ouro e Prata a barca carrega
lacrado em latão e alumínio,
estanho, chumbo e ferro.
Recobrem "VRIL", o velho mercúrio
e seu forninho alado
Outro azougue não é
senão o soma sagrado...
água que mata a sede
dispersa por todo lado.
Funde e molda metais, seu fogo
deu-a Cristo a Madalena
perfumada de mirra, sândalo e incenso.
Um templo humano adentro
sacrifício de amor, um altar repleto de natureza.
Roga divina proteção, o piloto
mesmo quando joga perlas aos porcos
lembrando que quase foi um nas garras da velha Circe.
Segue em paz, pois tudo passa
seja infortuno ou boa ventura
Diz um: tudo é Sansara; diz o outro: tudo é Brahmam.
REFERÊNCIA:
ALENCAR, Pedro. Exsicata: coletânea de arroubos
poéticos e outras loucaventuras alquímicas. Teresina: Gráfica Arco Íris, 2013,
116p. [Poema "Presságio", pp.12-13].
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