terça-feira, 28 de novembro de 2017

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Assuntando as teses de Fanon.





ASSUNTANDO AS TESES DE FANON EM
"PELE NEGRA, MÁSCARAS BRANCAS": NOÇÕES DE ENTRADA À ANÁLISE.
(FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas; tradução Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008. 194p.)





por: Áureo João (1).




ANTECEDENTES À ANÁLISE DOS CAPÍTULOS


Visão geral da obra – Pergunta de Pesquisa geradora da obra:

Qual é a pergunta de pesquisa que FANON responde com o trabalho de pesquisa de sua escolha, mediante a construção das respostas às suas perguntas de pesquisa apresentadas na obra “Pele negra, máscaras brancas” (FANON, 2008, 194p.)? Ou quais são as perguntas que FANON responde...?

Primeira pergunta:
Quais são as diferentes posições que o preto adota diante da civilização branca? (FANON, 2008, p.29, Introdução, quinto parágrafo)
Temática geral: Relações interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização européia // Racismo colonial.

NOTA: esta pergunta de pesquisa está referenciada na página 29, na introdução da obra, compondo a seguinte formulação do objetivo delimitado: “Gostaríamos de tomar posição sobre este ponto. Tentaremos descobrir as diferentes posições que o preto adota diante da civilização branca” (FANON, 2008, p.29, Introdução, quinto parágrafo; ênfase na citação).

Segunda pergunta:
Qual é a compreensão que temos – “Nós” e “Eles” - da relação entre o negro e o branco? (FANON, 2008, p.27, Introdução, sétimo parágrafo)
Temática geral: Relações interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização européia // Racismo Colonial.

NOTA: esta pergunta de pesquisa está referenciada na página 27, na introdução da obra, compondo a seguinte formulação do objetivo delimitado: “Veremos, ao longo desta obra, elaborar-se uma tentativa de compreensão da relação entre o negro e o branco” (FANON, 2008, p.27, Introdução, sétimo parágrafo; ênfase na citação).

Visão geral da obra – Objetivo da Pesquisa geradora da obra:

Qual é o objetivo GERAL do estudo de FANON com o problema de pesquisa de sua escolha, mediante a construção das respostas às suas perguntas de pesquisa apresentadas na obra “Pele negra, máscaras brancas” (FANON, 2008,194p.)?


Pesquisar as diferentes posições que o preto adota diante da civilização branca (FANON, 2008, p.29, Introdução, quinto parágrafo)
Temática geral: Relações interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização europeia.

NOTA: este objetivo está referenciado na página 29, na introdução da obra, compondo a seguinte formulação: “Gostaríamos de tomar posição sobre este ponto. Tentaremos descobrir as diferentes posições que o preto adota diante da civilização branca” (FANON, 2008, p.29, Introdução, quinto parágrafo; ênfase na citação).


Elaborar uma tentativa de compreensão da relação entre o negro e o branco (FANON, 2008, p.27, Introdução, sétimo parágrafo)
Temática geral: Relações interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização europeia.

NOTA: este objetivo está referenciado na página 27, na introdução da obra, compondo a seguinte formulação: “Veremos, ao longo desta obra, elaborar-se uma tentativa de compreensão da relação entre o negro e o branco” (FANON, 2008, p.27, Introdução, sétimo parágrafo; ênfase na citação).


Estudar os problemas enfrentados pelas pessoas negras (FANON, 2008, p.14, Prefácio, terceiro parágrafo)
Temática geral: Relações interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização europeia.

NOTA: este objetivo está referenciado na página 14, no Prefácio da obra, compondo a seguinte formulação: “A reação a Peau noire, masques blancs evidencia um problema com que se defronta a maioria dos estudiosos que examinam as questões relacionadas aos negros. Como W.E.B. Du Bois observou, em vez de estudar os problemas enfrentados pelas pessoas negras, as próprias pessoas passam a ser o problema” (FANON, 2008, p.14, Prefácio, terceiro parágrafo; ênfase na citação).


Oferecer uma crítica incisiva à negação do racismo na França e em grande parte do mundo moderno, em cuja crítica o racismo e o colonialismo devem ser entendidos como modos socialmente gerados de ver o mundo e viver nele, lugar em que os negros são construídos como negros (FANON, 2008, p.14, Prefácio, quarto parágrafo, e p.15, segundo parágrafo)
Temática geral: Relações interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização europeia.

NOTA: este objetivo está referenciado na página 14, compondo a seguinte formulação: “Fanon oferece uma crítica incisiva à negação do racismo contra o negro na França e em grande parte do mundo moderno”. [...]” (FANON, 2008, p.14, Prefácio, quatro parágrafo; ênfase na citação). Complementarmente, referenciado na formulação “Fanon ressalta inicialmente que racismo e colonialismo deveriam ser entendidos como modos socialmente gerados de ver o mundo e viver nele. Isto significa, por exemplo, que os negros são construídos como negros” (FANON, 2008, p.15, Prefácio, segundo parágrafo; ênfase na citação)

Natureza da pesquisa e metodologia (os caminhos) da investigação de FANON para construir as respostas às suas perguntas de pesquisa apresentadas na obra.

NOTA-1: “A obra é um estudo clínico” de Psiquiatria, Psicanálise e Psicologia (FANON, 2008, p.29, Introdução, décimo terceiro parágrafo; ênfase na citação). Diz o autor:


Na verdade, pensamos que só uma interpretação psicanalítica do problema negro pode revelar as anomalias afetivas responsáveis pela estrutura dos complexos. Trabalhamos para a dissolução total desse universo mórbido (FANON, 2008, p.27, parágrafo décimo terceiro). [...] Mas, para se chegar a esta solução, é urgente a neutralização de uma série de taras, sequelas do período infantil (ibid, p.28, primeiro parágrafo). [...] “A análise que empreendemos é psicológica (ibid, p.28, quarto parágrafo).


NOTA-2: O autor observa e analisa questões históricas, relações sociais e o inconsciente de sujeitos destinatários de suas investigações científicas. O lócus de pesquisa comporta no cenário da Ilha Martinica, no arquipélago das Antilhas, e a França de Paris. O inconsciente de homens negros e de mulheres negras é analisado a partir do perfil de personagens de romances da literatura martinicana/francesa, indissociado do inconsciente dos autores das obras analisadas. Por conseguinte, nota-se pesquisa empírica e pesquisa bibliográfica.





UMA PRIMEIRA NOÇÃO DA OBRA


O autor observa e analisa questões históricas, relações sociais e o inconsciente de sujeitos destinatários de suas investigações científicas. O lócus de pesquisa comporta no cenário da Ilha Martinica, no arquipélago das Antilhas, e a França de Paris. O inconsciente de homens negros e de mulheres negras é analisado a partir do perfil de personagens de romances da literatura martinicana/francesa, indissociado do inconsciente dos autores das obras analisadas. Por conseguinte, nota-se pesquisa empírica e pesquisa bibliográfica.


O Capítulo 2 – A mulher de cor e o branco (pp.53-68). Este capítulo da obra é uma análise de Frantz Fanon sobre o romance Je suis Martiniquaise (Eu sou Matinica), da autora martiniquense Mayotte Capécia, publicado no ano de 1948 pela editora Corrêa. Neste capítulo, dedicado às relações entre a mulher de cor e o europeu, trata-se de (objetivo geral) determinar em que medida o amor autêntico permanecerá impossível enquanto não eliminarmos este sentimento de inferioridade, ou esta exaltação alderiana, esta supercompensação, na relação entre uma mulher negra e um homem branco (...)” (FANON, 2008, p.54, primeiro parágrafo)


O Capítulo 3 – “O homem de cor e a branca” tem sua abordagem centrada a partir do romance Un homme pareil aux autres (em tradução livre: Um homem como os outros), publicado em 1947, do autor martinicano René Maran (1887-1960). O personagem principal da observação e análise de Frantz Fanon é Jean Veneuse, que é um preto de que trata o texto. O próprio romancista René Maran tem seu inconsciente analisado através do personagem Jean Veneuse. Fanon julga o autor pelo romance e pelas falas de seu personagem literário. A análise de Fanon toma como referência central os conceitos psicanalíticos objetivados na obra La névrose d’abandon (A Neurose de Abandono ou O Síndrome de Abandono) da autora Psicóloga e Psicanalista Germaine Guex (1904-1984), cuja obra se encontra traduzida e publicada em português, no Brasil, desde 1973, pela Editora Record, com o título “O Síndrome de Abandono”. A “neurose de abandono” é um termo da literatura especializada da medicina psicanalítica, introduzido por psicanalistas suíços, inclusa Germaine Guex, para designar um quadro clínico.


O Capítulo 4: Sobre o pretenso complexo de dependência do colonizado (pp.83-101) tem sua abordagem centrada a partir da obra Psychologie de la colonisation (em tradução livre: Psicologia da colonização ou Psicologia do colonialismo), publicada em 1950, do Psicanalista francês Monsieur Dominique-Octave Mannoni (1899-1989), que se constituiu de um estudo “dos fenômenos psicológicos que regem as relações nativo-colonizador” (FANON, 2008, p.83, segundo e último parágrafo da página). O tema fundamental do livro de Mannoni está delimitado sobre as relações estabelecidas entre colonizadores brancos europeus e pretos africanos e afrodescendentes, sob ambiente do projeto de colonização patrocinado e coordenado pelos europeus brancos racistas. Em Mannoni, “A ideia central é que o face-a-face dos “civilizados” e dos “primitivos” cria uma situação particular – a situação colonial – fazendo aparecer um conjunto de ilusões e malentendidos que somente a análise psicológica pode situar e definir” (FANON, 2008, p.84, último parágrafo da página, e p.85, primeiro parágrafo). O pensamento de Mannoni reflete o ethos central e a epistemologia central da cosmovisão eurocêntrica, de cujo lugar de observação, análise e fala define sua concepção das relações entre o nativo-negro-afrodescendentes e o colonizador-europeu-branco-francês-racista. Fanon toma situações de supostas manifestações do inconsciente e as toma como sendo suas fontes de verdades psicológicas ou psiquiátricas infalíveis para inscrever seu julgamento sobre a identidade e a alteridade. Fanon julga o autor da obra pelas concepções que o autor explicita em sua obra, em que externa sua visão de mundo, sua visão sobre o europeu branco colonizador e o afrodescendente negro colonizado. A obra Psychologie de la colonisation (Psicologia da colonização ou Psicologia do colonialismo) e o autor foram veementemente criticados pelo poeta Aimé Césaire. Para acesso inicial ao poeta Aimé Césaire, assuntemos o texto adaptado para o teatro sob o título Une Tempête (1969), com uma crítica à epistemologia da peça A tempestade, de William Shakespeare (1610/1611); e Discours sur Le colonialisme (O discurso sobre o colonialismo), publicado em 1956, com edição em português prefaciada por Mário de Andrade. Sobre a obra Une Tempête (1969), há um trabalho da pesquisadora Glaucimara Alves Costa Vieira, com o título “Uma representação do Caribe em Une tempête, de Aimé Césaire”, defendido no Mestrado Acadêmico em Letras da UFPI/CCHL/PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS-PPGL, em 2016, com orientação do Prof Dr Alcione Correa Alves (UFPI/ÌFARADÀ).


 


(1)   Áureo João de Sousa. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Piauí UFPI (2015), com a pesquisa sob o título Etnicidade e territorialidade na Comunidade Quilombola Custaneira/Tronco, município de Paquetá-PI, Brasil; Especialista em Educação, Cultura e Identidade Afrodescendente, com o título Etnicidade e identidade quilombola: marcação e demarcação de identidades e territórios de quilombolas, pela Universidade Federal do Piauí – UFPI (2013), sob promoção e coordenação do Núcleo de Pesquisa sobre Africanidades e Afrodescendência/ÌFARADÁ; Licenciado em Filosofia pela Faculdade Entre Rios do Piauí – FAERPI (2011); Poeta e Assuntador. E-mail: aureojoao@yahoo.com.br; aureojoao@gmail.com. Blog: www.aureojoao.blogspot.com.br






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