ASSUNTANDO
AS TESES DE FANON EM
"PELE
NEGRA, MÁSCARAS BRANCAS": NOÇÕES DE ENTRADA À ANÁLISE.
(FANON,
Frantz. Pele negra, máscaras brancas; tradução Renato da Silveira. Salvador:
EDUFBA, 2008. 194p.)
por: Áureo João (1).
ANTECEDENTES
À ANÁLISE DOS CAPÍTULOS
Visão geral da obra – Pergunta de Pesquisa geradora da obra:
Qual é a pergunta
de pesquisa que FANON responde com o trabalho de pesquisa de sua
escolha, mediante a construção das respostas às suas perguntas de pesquisa
apresentadas na obra “Pele
negra, máscaras brancas” (FANON, 2008, 194p.)? Ou quais são as perguntas que
FANON responde...?
Primeira pergunta:
Quais são as diferentes posições que o preto adota diante da
civilização branca? (FANON,
2008, p.29, Introdução, quinto parágrafo)
Temática geral: Relações
interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização européia
// Racismo colonial.
NOTA: esta pergunta de pesquisa está referenciada na página
29, na introdução da obra, compondo a seguinte formulação do objetivo
delimitado: “Gostaríamos de tomar posição sobre este ponto. Tentaremos descobrir as diferentes
posições que o preto adota diante da civilização branca” (FANON, 2008,
p.29, Introdução, quinto parágrafo; ênfase na citação).
Segunda pergunta:
Qual é a compreensão que temos – “Nós” e “Eles” - da relação
entre o negro e o branco? (FANON,
2008, p.27, Introdução, sétimo parágrafo)
Temática geral: Relações
interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização européia
// Racismo Colonial.
NOTA: esta pergunta de pesquisa está referenciada na página
27, na introdução da obra, compondo a seguinte formulação do objetivo
delimitado: “Veremos, ao longo desta obra, elaborar-se
uma tentativa de compreensão da relação entre o negro e o branco”
(FANON, 2008, p.27, Introdução, sétimo parágrafo; ênfase na citação).
Visão geral da obra – Objetivo da Pesquisa geradora da obra:
Qual é o objetivo GERAL do estudo de FANON com o
problema de pesquisa de sua escolha, mediante a construção das respostas às
suas perguntas de pesquisa apresentadas na
obra “Pele negra, máscaras brancas” (FANON, 2008,194p.)?
Pesquisar as diferentes posições que o preto adota diante da
civilização branca (FANON,
2008, p.29, Introdução, quinto parágrafo)
Temática geral: Relações
interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização europeia.
NOTA: este objetivo está referenciado na página 29, na
introdução da obra, compondo a seguinte formulação: “Gostaríamos de tomar
posição sobre este ponto. Tentaremos
descobrir as diferentes posições que o preto adota diante da civilização branca”
(FANON, 2008, p.29, Introdução, quinto parágrafo; ênfase na citação).
Elaborar uma tentativa de compreensão da relação entre o
negro e o branco (FANON,
2008, p.27, Introdução, sétimo parágrafo)
Temática geral: Relações
interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização europeia.
NOTA: este objetivo está referenciado na página 27, na
introdução da obra, compondo a seguinte formulação: “Veremos, ao longo desta
obra, elaborar-se uma tentativa de
compreensão da relação entre o negro e o branco” (FANON, 2008, p.27,
Introdução, sétimo parágrafo; ênfase na citação).
Estudar os problemas enfrentados pelas pessoas negras (FANON, 2008, p.14, Prefácio,
terceiro parágrafo)
Temática geral: Relações
interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização europeia.
NOTA: este objetivo está referenciado na página 14, no
Prefácio da obra, compondo a seguinte formulação: “A reação a Peau noire, masques blancs evidencia um
problema com que se defronta a maioria dos estudiosos que examinam as questões
relacionadas aos negros. Como W.E.B. Du Bois observou, em vez de estudar os problemas enfrentados pelas
pessoas negras, as próprias pessoas passam a ser o problema” (FANON,
2008, p.14,
Prefácio, terceiro parágrafo; ênfase na citação).
Oferecer uma crítica incisiva à negação do racismo na França
e em grande parte do mundo moderno, em cuja crítica o racismo e o colonialismo
devem ser entendidos como modos socialmente gerados de ver o mundo e viver
nele, lugar em que os negros são construídos como negros
(FANON, 2008, p.14, Prefácio, quarto parágrafo, e p.15, segundo parágrafo)
Temática geral: Relações
interétnicas. // Relações interétnicas em cenário de colonização europeia.
NOTA: este objetivo está referenciado na página 14, compondo
a seguinte formulação: “Fanon oferece
uma crítica incisiva à negação do racismo contra o negro na França e em grande
parte do mundo moderno”. [...]” (FANON, 2008, p.14, Prefácio, quatro
parágrafo; ênfase na citação). Complementarmente, referenciado na formulação
“Fanon ressalta inicialmente que racismo
e colonialismo deveriam ser entendidos como modos socialmente gerados de ver o
mundo e viver nele. Isto significa, por exemplo, que os negros são construídos como negros” (FANON,
2008, p.15,
Prefácio, segundo parágrafo; ênfase na citação)
Natureza da pesquisa e metodologia
(os caminhos) da investigação de
FANON para construir as respostas às suas perguntas de pesquisa apresentadas na obra.
NOTA-1: “A
obra é um estudo clínico” de Psiquiatria, Psicanálise e
Psicologia (FANON,
2008, p.29,
Introdução, décimo terceiro parágrafo; ênfase na citação). Diz o autor:
Na verdade, pensamos que só uma
interpretação psicanalítica do problema negro pode revelar as anomalias
afetivas responsáveis pela estrutura dos complexos. Trabalhamos para a
dissolução total desse universo mórbido (FANON, 2008, p.27, parágrafo décimo
terceiro). [...] Mas, para se chegar a esta solução, é urgente a neutralização
de uma série de taras, sequelas do período infantil (ibid, p.28, primeiro
parágrafo). [...] “A análise que empreendemos é psicológica (ibid, p.28, quarto
parágrafo).
NOTA-2: O autor observa e analisa questões históricas,
relações sociais e o inconsciente de sujeitos destinatários de suas
investigações científicas. O lócus de
pesquisa comporta no cenário da Ilha Martinica, no arquipélago das
Antilhas, e a França de Paris. O inconsciente de homens negros e de mulheres
negras é analisado a partir do perfil de personagens de romances da literatura
martinicana/francesa, indissociado do inconsciente dos autores das obras
analisadas. Por conseguinte, nota-se pesquisa empírica e pesquisa
bibliográfica.
UMA
PRIMEIRA NOÇÃO DA OBRA
O autor observa e analisa questões históricas, relações
sociais e o inconsciente de sujeitos destinatários de suas investigações
científicas. O lócus de pesquisa
comporta no cenário da Ilha Martinica, no arquipélago das Antilhas, e a França
de Paris. O inconsciente de homens negros e de mulheres negras é analisado a
partir do perfil de personagens de romances da literatura martinicana/francesa,
indissociado do inconsciente dos autores das obras analisadas. Por conseguinte,
nota-se pesquisa empírica e pesquisa bibliográfica.
O Capítulo 2 – A
mulher de cor e o branco (pp.53-68). Este capítulo da obra é uma análise de
Frantz Fanon sobre o romance Je suis Martiniquaise (Eu sou
Matinica), da autora martiniquense Mayotte Capécia, publicado no ano de 1948
pela editora Corrêa. Neste capítulo, dedicado às relações entre a mulher de cor e o europeu, trata-se de (objetivo geral) determinar em que medida o amor
autêntico permanecerá impossível enquanto não eliminarmos este sentimento de
inferioridade, ou esta exaltação alderiana, esta supercompensação, na relação
entre uma mulher negra e um homem branco (...)” (FANON, 2008, p.54, primeiro
parágrafo)
O Capítulo 3 – “O homem de cor e a branca” tem sua abordagem
centrada a partir do romance Un homme pareil aux autres (em
tradução livre: Um homem como os outros),
publicado em 1947, do autor martinicano René Maran (1887-1960). O personagem
principal da observação e análise de Frantz Fanon é Jean Veneuse, que é um
preto de que trata o texto. O próprio romancista René Maran tem seu
inconsciente analisado através do personagem Jean Veneuse. Fanon julga o autor
pelo romance e pelas falas de seu personagem literário. A análise de Fanon toma
como referência central os conceitos psicanalíticos objetivados na obra La
névrose d’abandon (A Neurose de Abandono ou O Síndrome de Abandono) da
autora Psicóloga e Psicanalista Germaine Guex (1904-1984), cuja obra se
encontra traduzida e publicada em português, no Brasil, desde 1973, pela
Editora Record, com o título “O Síndrome de Abandono”. A “neurose de abandono”
é um termo da literatura especializada da medicina psicanalítica, introduzido
por psicanalistas suíços, inclusa Germaine Guex, para designar um quadro clínico.
O Capítulo 4: Sobre o
pretenso complexo de dependência do colonizado (pp.83-101) tem sua
abordagem centrada a partir da obra Psychologie de la colonisation (em
tradução livre: Psicologia da colonização
ou Psicologia do colonialismo),
publicada em 1950, do Psicanalista francês Monsieur Dominique-Octave Mannoni
(1899-1989), que se constituiu de um estudo “dos fenômenos psicológicos que
regem as relações nativo-colonizador” (FANON, 2008, p.83, segundo e último
parágrafo da página). O tema fundamental do livro de Mannoni está delimitado
sobre as relações estabelecidas entre colonizadores brancos europeus e pretos
africanos e afrodescendentes, sob ambiente do projeto de colonização
patrocinado e coordenado pelos europeus brancos racistas. Em Mannoni, “A ideia
central é que o face-a-face dos “civilizados” e dos “primitivos” cria uma
situação particular – a situação colonial – fazendo aparecer um conjunto de
ilusões e malentendidos que somente a análise psicológica pode situar e
definir” (FANON, 2008, p.84, último parágrafo da página, e p.85, primeiro
parágrafo). O pensamento de Mannoni reflete o ethos central e a epistemologia central da cosmovisão eurocêntrica,
de cujo lugar de observação, análise e fala define sua concepção das relações
entre o nativo-negro-afrodescendentes e o
colonizador-europeu-branco-francês-racista. Fanon toma situações de supostas
manifestações do inconsciente e as toma como sendo suas fontes de verdades
psicológicas ou psiquiátricas infalíveis para inscrever seu julgamento sobre a
identidade e a alteridade. Fanon julga o autor da obra pelas concepções que o
autor explicita em sua obra, em que externa sua visão de mundo, sua visão sobre
o europeu branco colonizador e o afrodescendente negro colonizado. A obra Psychologie
de la colonisation (Psicologia da
colonização ou Psicologia do
colonialismo) e o autor foram veementemente criticados pelo poeta Aimé
Césaire. Para acesso inicial ao poeta Aimé Césaire, assuntemos o texto adaptado
para o teatro sob o título Une Tempête
(1969), com uma crítica à epistemologia da peça A tempestade, de William Shakespeare (1610/1611); e Discours sur Le colonialisme (O discurso
sobre o colonialismo), publicado em 1956, com edição em português prefaciada
por Mário de Andrade. Sobre a obra Une
Tempête (1969), há um trabalho da pesquisadora Glaucimara Alves Costa Vieira, com o título “Uma
representação do Caribe em Une tempête,
de Aimé Césaire”, defendido no Mestrado Acadêmico em Letras da
UFPI/CCHL/PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS-PPGL, em 2016, com orientação do
Prof Dr Alcione Correa Alves (UFPI/ÌFARADÀ).
(1)
Áureo
João de Sousa. Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Piauí UFPI
(2015), com a pesquisa sob o título Etnicidade
e territorialidade na Comunidade Quilombola Custaneira/Tronco, município de
Paquetá-PI, Brasil; Especialista em Educação,
Cultura e Identidade Afrodescendente, com o título Etnicidade e identidade quilombola: marcação e demarcação de
identidades e territórios de quilombolas, pela Universidade Federal do
Piauí – UFPI (2013), sob promoção e coordenação do Núcleo de Pesquisa sobre
Africanidades e Afrodescendência/ÌFARADÁ; Licenciado em Filosofia pela
Faculdade Entre Rios do Piauí – FAERPI (2011); Poeta e Assuntador. E-mail: aureojoao@yahoo.com.br;
aureojoao@gmail.com.
Blog: www.aureojoao.blogspot.com.br
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